terça-feira, 12 de maio de 2009

batem leve, levemente

Recebo pelo correio uma carta de amor. Não tem remetente, mas o meu nome pisca num néon ordinário.
Abano-a e soltam-se pequenas letras que se formam em frases mais ou menos compridas, daquelas que acabam em vem.
Apago algumas só pelo prazer de as imaginar escondidas por entre linhas. Da frase fica: "quero-te neste lugar, que ocupas sem medo". Pinto o medo de noite e largo as estrelas sobre o lugar. Deito-me e sinto a brisa das palavras que me são ditas ao ouvido.
É infinito o poder de uma carta de amor, não achas, Ofélia?

3 comentários:

jaime latino ferreira disse...

DE AUGUSTO PARA OFÉLIA


Já te temia fechada no elevador para sempre ...

Nele bati levemente com medo que caísse que nem floco de neve, escrevi-te cartas, larguei-te estrelas e temi a noite.

Quiz-te aqui neste lugar, sem medo e ainda que escondida nas entre linhas de um poema ávido de amor ou deitada na brisa das palavras que são ditas ao ouvido.

E afinal, bates leve, levemente, como quem chama por si ...

E gosto de te ouvir novamente!


Jaime Latino Ferreira
Estoril, 13 de Maio de 2009

Sofia M disse...

Augusto,

Então foi essa a mão que, a medo, agarrei ao saltar do elevador.

Estranhei vir num envelope branco, mas a noite livra-nos de pormenores e dá-nos a nota que precisamos para viver.

O tom é de sol, a brisa é suave. Continuaremos neste lugar, sem medo e sempre em boa companhia.

Isabel Andrade disse...

Abana sempre essas cartas de amor sem remetente, mirtilo. É assim que soltas as pequenas letras que, ao cair, dão forma às frases que o teu coração dita. "Quero-te neste lugar, que ocupas sem medo". Pintado o medo e largadas as estrelas, as palavras ganham um outro sentido e o seu som um novo alento.
Toma nas tuas mãos esse poder infinito e elege-te o único escriba de todas as tuas cartas de amor.