domingo, 1 de julho de 2007

Um blogue é um blogue e quem tem blogue tem capote.

A vida desde que tenho um blogue não é a mesma. Sou outra. Enxugo as dores cervicais, sacudo as lombares e passo a ferro alguns conflitos que arrumo com cuidado na gaveta das colchas. Um destes dias tiro-os e ponho-os ao ar.
Agora saio de casa com um blogue no bolso. E quando me aborrecem muito, ou mesmo um bocadinho, oiço-o rir-se. Um blogue cola-se a nós como uma tatuagem. Levamo-lo para todo o lado, e nem sempre é discreto. E quando já o integrámos como a pele, alguém olha de novo e ele revitaliza-se. Transforma-se, muda de tom e sopra autónomo.

Poderia ter sido um cão ou um cisne, ou um choco (um dia quis ter um choco, mas confrontei-me com a dificuldade de os apanhar à cana e os do jumbo mexem-se pouco). E um blogue não tem interdições. Não há dísticos com “proibida a entrada a blogues” ou “zona livre de blogues” e ninguém pergunta se o quarto é para portadores de blogue nem nunca tive de ouvir “desculpe, mas mesa para portadores de blogue só junto à casa de banho”. O que confesso, não vejo nada de errado. Ele há jantar mais belo do que aquele em que estando com pessoa que amamos, ainda temos a oportunidade de saber, dos presentes, quem tem urgência urinária (ou mesmo outra, dependendo de quão próximo falamos) ou simplesmente dirigir um olhar interrogativo para quem acaba de sair? É que há sempre um ligeiro constrangimento no olhar de quem evacua em espaço público. O que também é curioso, porque não se detecta o mesmo no olhar de quem cheira duas linhas, ou meteu os dedos na garganta. O que me leva a pensar que é mais fácil admitirmos uma adição que uma diarreia… Humm…. O que nos traz de novo a mais uma das vantagens de quem tem um blogue: é que consegue transformar uma conversa de merda num tema de doutoramento!