terça-feira, 28 de abril de 2009

uma pausa no elevador

Ouvi um zumbido por trás da porta. Abri-a devagar e espreitei. Era um beijo.
Vinha assim pela janela, sem pressa, sem nome, sem remetente. Aceitei-o.


Gosto dos beijos soltos, descomprometidos. Beijos que aquecem os lábios nos dias frios de uma primavera indecisa, e que se descobrem num sabor que se dissolve devagar. Este tinha o gosto da baunilha no topo de um éclair.

2 comentários:

jaime latino ferreira disse...

BEIJO


Beijo sabe a claridade
Baunilha de gosto suave
É uma ideia sem nome
Que nos eleva qual nave

Liberdade sem entrave
Vontade sem ter idade
É alimento que à fome
A sacia na cidade

A quem quer que ao beijo o tome
Enfeitiça da saudade
Tem o beijo humanidade
Recheado do seu polme


Jaime Latino Ferreira
Estoril, 29 de Abril de 2009

manuela baptista disse...

NAMORO

Namorei um éclair
atordoado de baunilha
mas à primeira
dentada
gritou
estás a morder-me
és mesmo chalada
e eu assustada
atirei-lhe um beijo
e dei-lhe a liberdade
pela porta aberta

Manuela Baptista